sábado, 29 de agosto de 2009

À deriva - 2009


É redundante dizer que o cinema do Brasil definitivamente mudou. Antes vista com muito preconceito pelos próprios brasileiros devido, principalmente, à pornoxanxada das décadas de 70 e 80, hoje a indústria cinematográfica tupiniquim possui agora uma vasta coleção de filmes belissimos produzidos a partir da segunda metade dos anos 90, que proporcionam os melhores tempos do cinema nacional. "À deriva" segue a correnteza.
Representante brasileiro no festival de Cannes em 2009 e aplaudido por mais de 5 minutos após ser projetado na sessão de gala (apenas para jornalistas e convidados) do festival francês, o filme do diretor Heitor Dhalia ( o mesmo do aclamado " O cheiro do ralo" )é protagonizado pela personagem Filipa ( Laura Neiva, 16) durante um período bastante delicado na vida de qualquer ser-humano: A passagem da infância para a adolescência.
Criada em uma familía conturbada ( não demonstram e apenas brigam em francês), em que a mãe tem problemas com o álcool e trai o marido com um rapaz muito mais jovem que ela, a garota começa a perder a ingenuidade, descobrir a sexualidade e conhece a vida "adulta". Esse processo começa após descobrir que seu pai, um escritor Francês, também traia sua parceira constantemente.
Em um período de muitas transformações, a garota abandona a infância e as brincadeiras de criança (como o "verdade ou desafio" cena no começo do filme) e começa a descobrir diversas sensações diferentes como beber whiskey pela primeira vez, vontade aguçada pela bebedeira da mãe, e flertar sem compromisso com os garotos. Paralelo a isso, ela observa sua familia se desmoronar e não consegue fazer nada a respeito, fazendo com que essa transição seja marcada por crises de pensamentos e comportamentais.
Após se desenrolar de maneira lenta, porém não cansativa, a história termina da maneira mais marcante possível e que representa bem o inicio da nova fase na vida de Filipa. A garota perde a virgindade com o barman que lhe vendeu o primeiro copo de whiskey, retratando a perda da inocencia e da infantilidade que outrora era presença na personalidade da menina.
O longa usa e abusa das paisagens naturais. Praias lindissimas e montanhas da cidade de Búzios no Rio de Janeiro dão um ar bastante tropical ao filme, sendo suas marcas registradas e juntamente com uma fotografia perfeita, tornam o longa de Heitor Dhalia algo belissimo esteticamente,apesar de poder ser ajudado se trilha sonora fosse escolhida de maneira mais criteriosa durante todo o filme e não apenas no final.
Com muita sensualidade e beleza natural , "À deriva" merece todos os bons comentários que recebeu mundo afora. Apesar do tema parecer "bobo", é mais um filme nacional que comprova o grande momento do nosso cinema e mostra que Heitor Dhalia não foi diretor de um filme só e chegou pra ficar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Mais uma do Radiohead

Pois é ,vazou mais uma música de Thom Yorke e cia. Ela se chama "These are my twisted words" e pode ser ouvida aqui.
A parte instrumental dessa música te hipnotiza a partir do exato momento em que a voz de Thom Yorke aparece, dessa vez mais caprichada do que na música do post abaixo.
Apesar disso, a introdução de mais dois minutos são enjoativas na minha opinião. Se não fosse produto do Radiohead eu teria trocado de música.
Mesmo assim, arte pura digna de Radiohead
Confira!

These are my twisted words

these are my twisted words
when i feel you still walking
i know i should not look down
but i'm so sick of just talking

when are you coming back
i just can't handle it
when are you coming back
i just can't handle it

when are you coming back
i just can't stand it
i just can't handle it

PS: Próximo post não será sobre o Radiohead. PROMETO.

NOT

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Radiohead e sua nova música


Harry Patch (In memory of). Esse é o nome da nova música do Radiohead disponibilizada essa semana pela banda. Uma homenagem ao último sobrevivente britanico que lutou na Primeira Guerra Mundial que falaceu no último dia 25 de julho aos 111 anos (era o homem mais velho da Europa) ,semanas depois da gravação dessa faixa de Thom Yorke e Cia. Um tanto quanto macabro.
No site oficial da banda ,Thom Yorke disse que espera que a gravação faça justiça a memória do veterano e que decidiu gravar essa homenagem após ouvir um entrevista com Harry em uma rádio inglesa e isso o teria emocionado profundamente.
Patch dava a impressão de ser um sujeito bastante bom e muito afetado emocionalmente pela guerra, assim como todos que combatem ou presenciam uma são. Afirmava que não gostava de guerras e que apesar de combater contra os alemães na trincheiras, nunca matou uma só pessoa. E tinha muito orgulho por isso.
Viu mais de 70.000 colegas britanicos entre eles seus 3 melhores amigos, morrerem em função da guerra.
E com certeza toda essa bondade serviu de inspiração para Thom compor essa música.
Uma música que de cara nos remete a Motion Picture Soundtrack ,do album Kid A, com arranjos belissimos e emocionantes ( criados por Jonny Greenwood ) ,dignos de uma homenagem emocionada e perfeitamente cabíveis em qualquer trilha sonóra de qualquer filme tocante.
O vocal de Thom Yorke realmente é feito para emocionar. Não intencionalmente é claro, mas sim por uma emoção involuntaria na qual certamente estava sentido no momento em que estava cantando. Emoção tanta que desafinou em alguns momentos, é verdade ,mas totalmente compreensível pelo momento e para uma música que dificilmente será de trabalho ou algo do tipo, já que não acho que essa faixa estará presente no próximo album da banda . Foi apenas uma singela e justissima homenagem .

Harry Patch ( In memory of)

I am the only one that got through
The others died where ever they fell
It was an ambush
They cam
e up from all sides
Give your leaders each a gun and then let them fight it out themselves
I've seen devils coming up from the ground
I've seen hell upon this earth
The next will be chemical but they will never learn


O download está disponivel no site da banda e custa £ 1.00. Todo o dinheiro será revertido para a British Legion que ajuda aquelas que serviram as Forças Armadas Britanicas e suas famílias e pode ser ouvida aqui




Harry Patch:
Nascido em Somerset na Inglaterra
17/06/1898 - 25/07/2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

The Holloways - So this is great Britain ? ( 2006)

Pode ser estranho ler uma resenha sobre um álbum tão "velho" como esse da ótima banda inglesa The Holloways, mas eu realmente tenho a necessidade de comentar sobre o "So this is great Britain?". Mais do que necessidade, tenho um senso de justiça. Eu não estaria sendo honesto comigo mesmo se não falasse sobre eles, uma banda que não sai da minha playlist desde que a conheci e isso não é muito facil.
Banda formada em Londres ,lançaram esse álbum em 2006 que foi muitissimo aclamado pela crítica tendo alguns seus singles como "Generator" e "Two Left Feet" como umas das músicas mais tocadas no ano. Hype justissimo que até certo ponto não vingou. Depois de ser considerada uma das bandas do momento em 2006/07 ,deu uma sumida no cenário em 2008 sofrendo mudanças na formação original da grupo, tendo baterista e guitarrista substituidos.
Um rock rápido, dançante e animado, capaz de com certeza animar qualquer pista de dança em qualquer lugar. Mas não é só isso ,até porque existem milhões de bandas que podem colocar o povo pra dançar com um rockzin . Mas eles têm um diferencial: as letras. Enquanto a maioria das bandas, principalmente essa ultima geração "indierockfromuk" possuem letras bobas e infantis , o Holloways usa sua música para fazer críticas principalmente à sociedade e ao governo Britânico, tentando mostrar uma realidade não mostrada e não conhecida por muitos e certamente vivida por eles.

"In a land of hope and glory
do we really rule the waves?
The truth is a different story
We're all just a bunch of slaves"
Trecho da música So this is Great Britain?

Pois é , a terra de esperança e glórias mostrada por uma outra visão. E esse é realmente o ponto forte do Hollaways. O ponto que eles exploram para não serem apenas mais uma banda feliz e dançante de Londres e de uma maneira que chama a atenção do jovem atráves de um rock animado e direto. Um jeito que eles encontraram para mostrar o seu ponto de vista e o que eles acham que acontece de errado por aí. Certamente algo inteligente e efetivo.
Porém a banda não possui apenas músicas politicamente corretas. Letras do cotidiano do jovem de noites e pegação do mulherio não podiam faltar no repertório dos ingleses, com muito bom humor.

"What is he to do? He's been kicked out of school
What a way to fix a fool, we are failing our youth
Parents and governors can you handle the truth? "
Trecho da faixa Nothing for the kids

A saída da mídia em razão de problemas internos impediram que o The Holloways se tornasse grandes como era previsto no começo de suas carreiras e suas músicas atingissem bastante gente, mas eles promentem um disco para esse ano ( No Smoke, No Mirrors ) para voltar com tudo e realmente espero que eles tenham sucesso.
Uma banda que é mais que o mesmo.

The Holloways - Generator

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Arctic Monkeys - Humbug

Se por um lado a internet está cheia de coisas inuteis como blogs,twitter e pornografia ( inuteis?) e alienantes,ela também te proporciona coisas maravilhosas, muitas vezes fora da lei, mas incríveis.
Nesse caso não foi muito bom para a Domino Record, gravadora dos ingleses do Arcitic Monkeys. Já os macacos devem estar pouco se lixando se o Humbug vazou quase um mês antes do seu lançamento ( previsto pro dia 24 de agosto), mas isso já é outra discussão, que tem se tornado muito polêmica nos ultimos tempos. Discussão que pouco me importa.
Hoje eu acordei 10 minutos antes da web transmission do pocket-show que a banda faria para divulgação do álbum e enquanto estou no orkut vendo alguns comentarios pré-show eu me deparo com a bomba que o cd aguardadissimo na cena indie (não mais tão indie) tinha vazado. Uma bomba já prevista. Algo como se o Obama convocasse uma entrevista coletiva e dissesse que o Bush foi um babaca enquanto presidente dos Estados Unidos. Mas enfim, em menos de 1 hora eu já tinha ouvido todas as faixas do "novo" Arctic Monkeys. E tudo isso graças a tão querida internet.
Mas o assunto aqui não é a internet (não nesse post). O assunto é o pequeno grande album dos caras de Sheffield. E sobre pequeno ,não quero dizer que as músicas são minimalistas ou rasas mas sim sobre o tamanho do album. Apenas 10 músicas na versão UK e USA, o que já mostra uma mudança dos rapazes que estreiaram na cena musical depois do album Whatever People Say that's what I'm Not com 13 faixas e teve seu sucessor, Favourite Worst Nightmare com 14 faixas (contando as extras da versão Japan). Outras coisas que também davam a perceber que eles mudariam em relação aos trabalhos anteriores mesmo antes de ouvir as novas músicas é o nome do album ,dessa vez uma só palavra : HUMBUG (trapaça) e o visual dos músicos. Os 4 adolescentes que em 2005 estavam cheio de espinhas, calças apertadas e cabelos curtos se tornaram em cabeludos, hippies. (O Alex Turner por exemplo parece até a Mallu Magalhães em algumas fotos).Mudança já também anunciada quando vimos que o produtor do album seria o Josh Homme ( vocalista do QOTSA) e pelas declarações dos membros da banda, dizendo que estavam ouvindo bastante Jimi Hendrix.
Isso mostra uma outra fase da banda, uma fase muito diferente das que eles ja tinham passado. Uma frase que eu li na comunidade Arctic Monkeys Brasil no orkut sintetiza toda essa mudança: "Arctic Monkeys fall into heroin". Não sei se realmente aconteceu, mas a mudança foi como se fosse veridico. E quando falo isso não quero dizer que isso é ruim ou bom, é apenas uma grande mudança de muitas outras que podem ou não ocorrer. Tipo quando o Dylan começou a cantar música gospel, manja?
Músicas densas e intensas, sem toda a velocidade características das músicas do primeiro album. A impressão de que todo o dark de dentro do Alex Turner foi expelido nesse album. E isso de maneira nenhuma quer dizer que o album seja ruim, muito pelo contrario. O album está muito bonito e gostoso de ser ouvido. Com letras profundas e básicamente sobre relações afetuosas ,não mais adolescentes como as letras do primeiro album da banda. Letras que fazem você pensar de onde esse tal Alex tira tanta inspiração. Letras que só podem ser criadas por alguem super talentoso. Talentoso e com um dark side muito criativo.
Outra mudança é a utilização de apenas uma guitarra em algumas músicas, algo muito raro de se ouvir nos antecessores de Humbug. Agora em diversas faixas Jamie Cook é o unico guitarrista enquanto Turner fica com o trabalho de apenas soltar sua voz cheia de sotaque, de uma maneira profunda e muito diferente por exemplo das rouquidão adolescente que estava presente no primeiro album. Diferença que já tinha sido muito grande em Favourite Worst Nightmare.
E tudo isso chocou muitas pessoas que não estavam preparadas para ouvir tal mudança. Eu odeio esses clichês sobre bandas que quando mudam dizem que eles amadureceram como músicos ou que eles evoluiram. Mas eles não são os mesmo jovens de 5 anos atrás que viviam em Sheffield atrás de bebedeira e garotinhas da idade deles. A vida deles mudaram. Eles mudaram, estão mais velhos e vivem em uma realidade diferente da de quando começaram, outro cotidiano e isso certamente infleuncia no som de qualquer banda.
Se você quer o Arctic Monkeys de Whatever People Say..., com um rock veloz e falando sobre a vida adolescente, certamente não gostará do album.
Se você está disposto a mudanças e uma sonoridade totalmente diferente da que eles ja tinha produzidos, gostará muito do album assim como eu.
Talvez não seja o melhor album da discografia Monkiana, ou o que você mais escutará daqui a alguns anos, mas certamente é um grande album, como todos os outros de Turner & Cia.
Eles definitivamente não são mais os mesmo, mas isso de maneira nenhuma é algo ruim.

Arctic Monkeys - Crying Lightning

O inicio

Olá, prazer, a noite (huuuum) é nossa.
Não sei porque, mas eu adoro esse verso de um dos maiores hits do Latino e talvez um dos hinos da verdadeira música popular do Brasil, a música do povão. Uma música que na verdade não é dele. Ele apenas fez uma versão em português, assim como existem muitas versões, até mais legais em diversas linguas. A Romena é minha preferida( acho que aquilo é romeno).
Enfim, chega de Latino. A frase inicial é apenas um cumprimento. Apesar de eu considerar músicas como as do Latino, é o Tchan e Negritude Jr. uma arte( as vezes a gente precisa olhar de uma maneira diferente esse tipo de música ou aquele filme ridiculo. Você tem que ver se é ruim o bastante para te fazer rir, mesmo que sejam risadas de pena de quem realmente gosta ou de quem produziu aquilo) ,não é exatamente desse segmento de arte na qual vou me referir aqui. E também não é minha intenção dar uma de pretensioso dando a entender que apenas o que eu me refiro aqui é arte. Longe de mim. Nesse blog eu vou apenas dar dicas, comentar e mostrar minha opinião sobre assuntos artisticos relacionados ao meu cotidiano.Um album de algum artista pouco conhecido ou um filme recentemente lançado. E por assuntos artisticos não quero dizer apenas aquelas tais sete artes. Um exemplo é o futebol, que pra mim é uma arte e também será assunto algumas vezes nesse blog.
Arte é algum muito subjetivo e as vezes eu me sinto até mal em usar essa palavra.
Enfim, acho que sou realmente autista!